Jornal NH
02 de junho de 2006.
Alceu Feijó
Lá em São Francisco de Paula, pelos anos de guri, nossa maior aventura era pegar um canário belga. Amarelinho e cantador que não tinha igual. Seu trinado valia ouro. Quem não tinha um canário belga na gaiola era o mesmo que não ter televisão plasma hoje em dia.
Porém, o rumo da vida me trouxe para Novo Hamburgo, onde vim a conhecer outro belga. Só que não era passarinho e muito menos passível e conformado em ficar numa gaiola. O belga que conheci em Novo Hamburgo era um trovador de conhecimento e educação, como nunca havia parecido na região.
Começou na Fundação Evangélica, que tinha aspectos de disciplina de uma grande universidade. Milhares de alunos saíram da Fundação para comentar o Vale em todas as suas instâncias.
Atalíbio Foscarini conseguiu o milagre de conquistar o belga trovador e trazê-lo para o município, onde Sarlet revolucionou o ensino gaúcho. Trouxe computador para a escola, criou o Atelier Livre, que está comemorando 20 anos numa ascendência contínua.
Durante a solenidade dos 20 anos, no centro de Cultura Parahim Pinheiro Machado Lustosa, na sala Carlos Magno, a diretora Márcia Willer Dewes surpreendeu a plateia quando anunciou a presença do mestre Sarlet, que foi recebido de pé. Momentos de emoção, aquele gigante de sabedoria, sentado em um lado do palco, trovando ideias, ensinamentos e exemplos como quando jovem, modificou o ensino em Novo Hamburgo.
Um secretário de Estado tentou levar o Sarlet para a capital. Protestamos e Sarlet ficou para cumprir seus projetos. Como guerreiro que é, preferiu ficar na planície, onde suas ideias eram absorvidas com o espírito puro do interior, como o trinado do canário. Sarlet deve ser considerado o primeiro imortal de Novo Hamburgo. Quem não sabe, leia a coluna à direita para ver que continua o mesmo gigante.