Jornal NH

31 de março de 2002.

Alceu Feijó

Os gramadenses da velha guarda saberão avaliar o tamanho da minha emoção ao ter um bisneto nascido nesta cidade de tanta importância para a vida de quem teve oportunidade de crescer e se destacar profissionalmente. No decorrer de minha jornada, fui cada vez mais sentindo-me satisfeito pelo universo, que aos poucos, descortinava-se a minha frente. Eram imagens inéditas, fruto da parceria com os textos do Vinícius Bossle, que muito exigiam dos meus conhecimentos fotográficos-isso tudo no início, quando a Folha da Tarde começava a descobrir um mágico talento oculto na devoção dos gramadenses.

Hoje vivendo muito mais das lembranças pictóricas de Gramado, eu volto, com todas as emoções que os gramadenses sempre me ofereceram, para reverenciar o Maurício, que já tem dez dias, completos exatamente hoje. O Maurício que crescerá entre as belezas e saúde de Gramado, vez que outra será bafejado pela cortesia de um gramadense de 70 ou 80 anos, que lhe dirá: “Conheci teu bisavô”. A curiosidade do menino irá levá-lo a saber com a mãe Silvia e o pai também Mauricio: “Manhê, quem foi mesmo meu bisavô?”

A explicação será longa; velhos recortes de jornais e álbuns fotográficos serão postos em seu colo-provavelmente também esta crônica em folha de jornal- materiais que conduzirão o Maurício a uma cidade que a Ortopé tornou encantada.

Por ocasião da vista à maternidade, encontrei o médico da cidade, Dr. Nelz, que foi o primeiro a saber que que fiquei bisavô em Gramado, no seu hospital. Depois saí à procura de outros gramadenses a quem eu queria contar a minha última “performance” em Gramado. Encontrei o Mica em seu gabinete, protegido por uma placa de vidro blindada, na tarefa de revisar as últimas páginas do Jornal de Gramado. Mesmo sabendo de sua tarefa, entrei para abraçá-lo, como amigo que sempre foi, e passar em primeira mão, a notícia. Não vai sair na capa do jornal, mas ele saberá como o Jaime (que não sei escrever o sobrenome) da prefeitura, que uma nova “foto” de Gramado foi impressa na minha vida.

Andei procurando outros gramadenses inesquecíveis, mas não os encontrei, continuam sendo muito trabalhadores. Entretanto vi a transformação do parque do Serra Azul, moderníssimo. Também o pavilhão do Sierra Park, onde se realizava a feira do Fredão. Estive ainda no Chocofest das eternas rainhas das Hortências, as meninas Marta e Silvia, que mesmo vendo seus talentos explodirem para o mundo, souberam honrar suas raízes e continuar “grandes” em casa, na cidade que elas ajudaram a internacionalizar.

O abraço do Jaime-aquele que não consigo escrever o sobrenome- foi tão forte, sincero e duradouro que nos permitiu, quase entre lágrimas, lembrar daquela piscina do lago lodoterápico, esplendidamente mostrado num folheto de propaganda, com as figuras esbeltas da Dudi e do Jorge Ribeiro. Fiquei com ciúmes, porque acabei chegando à cidade depois daquela foto. Essa o Vinícius me deve até hoje.

Enfim, entre os que não localizei naquela quinta feira de março, estava o Romeu Dutra, ainda que pensando bem, ele estivesse em todos os lugares, desde o parque do golf ao troféu Kikito e ao festival de cinema. De qualquer forma, encontrei numa escadaria da feira, o Paulinho Volk. É muita emoção para um “bisa” só.