Jornal NH

12 de agosto de 2008.

Alceu Feijó

Eu até pensava que o Minuano não existia mais ali na Pedro Adams Filho, na quadra da casa Nonô e Cia de Seguros, esquina com a David Canabarro. Mas segunda feira fui até o Café Avenida da Lima e Silva e passei pelo trecho descrito, quando o Minuano assobiava como nos velhos tempos da Caldas Junior e NH, no centro da cidade.

Nossas reuniões de pauta eram realizadas no Café Avenida. Portanto, de hora em hora, nos dirigíamos para o Café com Vinícius, Laranjinha, Lauro Diogo, Oniram Alves, Mário Gusmão, Fips, Veroni, Luis Moura, Figueiredo e Lelo. O seu Paulo acompanhava só quando tinha assunto sobre a Fenac.

Quase cinquenta anos passados, constatei que o Minuano da Pedro Adams não mudou nada, embora a Pedro Adams já não seja a mesma. Virou um centro comercial cosmopolita e distante dos hamburguenses, hoje.

A minha presença às 8h30 na Pedro Adams, era para participar de um programa para a TV Unisinos, no novo café avenida, com as filhas do saudoso Otávio Bender e com muitos componentes do antigo Café. Do trecho do estacionamento do meu amigo João Carlos Hartz, da David Canabarro, pude sentir nas orelhas e no cangote, o saudoso Minuano da Pedro Adams dos anos 60.

E por me lembrar da Pedro Adams da Casa Nonô, da Alfaiataria Kiefer, do Korndorfer das joias caras, da alfaiataria Gewer Joner &Cia. da Loja de Armas do Schwan. Da Banca de jornais do Sady Cramer, do Café Avenida, do Varejo Avenida do Biquinha, do Meu cantinho de tantos encontrinhos, da Casa Floriano, da Casa do Rádio, da casa de roupas infantis, e da Loja do Von Berg e do zagueirão do Novo Hamburgo, Zulf Bernd.

Eu sei, caros leitores de hoje que estão imaginando que o velho Feijó enlouqueceu de todo, pois estas casas citadas não existem mais, ou na cabeça dos mais jovens nunca existiram. Mas existiram e tem gente que se lembra saudosamente dos domingos ensolarados e frios. As moças vinham das missas e se postavam nos bancos da praça para lerem o Correio do Povo, o NH, O 5 de Abril, envoltas nos seus casacões domingueiros e felizes porque estavam começando a viver e namorar com o sol do inverno dourando seus cabelos.

Mas as lembranças continuaram quando, na noite anterior, era domingo, bem aconchegado às cobertas, lia o último livro do Aurélio Decker, contando suas experiências como jornalista e fazendeiro, agricultor, pescador e veranista. Tarefas as mais diversas dentro de um espaço de 18 mil metros quadrados, tendo num dos extremos o Oceano Atlântico, no outro uma estrada bandida que matou quase toda a fauna daquela região, entre Osório e Torres e, mais ao fundo as corcovas da Serra do Mar com um cartão postal novo todas as tardes.

Pois o livro do Lelo com a Rose e um monte de filhos me transportou para mais longe de Novo Hamburgo e da Estrada do Mar. Fui parar lá em São Francisco de Paula, correndo pela Avenida Júlio de Castilhos, esperando chegar da Barra do Ouro as carretas com rapaduras. Nas páginas do Lelo, voltei aos anos 30.