JORNAL NH
Alceu Feijó
A data histórica mais importante de Novo Hamburgo, 5 de abril, está se aproximando e pouca coisa tem se visto sobre o assunto, como programação para comemorar o evento. Dos muitos nomes que se empenharam na grande luta com São Leopoldo, ocorre-me o do major Leopoldo Petry, que além de ter sido um dos líderes, foi o primeiro prefeito eleito de Novo Hamburgo, depois da emancipação. E, por isso, foi o que por mais tempo se manteve em destaque, por seu envolvimento com a política, seus trabalhos jornalísticos, livros que escreveu, como lutador pela vida do Rio dos Sinos e tudo que se relacionasse com a história dos imigrantes. Tem nome de tua, de escola e um pequeno busto escondido pelas mangas da Praça do Imigrante.
Ainda tenho as fotografias tiradas às margens do Rio do Sinos, para ilustrar uma das muitas reportagens que o Vinícius Bossle escreveu sobre as preocupações que nos anos 50 já eram temas constantes das manifestações do major Leopoldo Petry.
Então, com a aproximação da nossa data de emancipação, vejo muitas noticias sobre novos investimentos no Parcão Henrique Luis Roessler, cujo nome foi adotado pelos ecologistas de Novo Hamburgo. Nada contra a iniciativa dos jovens ecologistas de Novo Hamburgo, nada contra os méritos do senhor Roessler, personagem que também fotografei para as reportagens do Vinicius Bossle. Tenho, contudo de ser honesto comigo mesmo e manifestar meus sentimentos quando vejo o nome do major Leopoldo Petry e tantos outros hamburguenses ilustres, que fizeram a nossa história, serem esquecidos. Uma dorzinha lá no fundo do coração, que me deixa inquieto e desconfortável.
Não é, absolutamente, patriotismo local, nem inveja, nem saudosismo. Mas não posso me calar por saber que não havia uma unanimidade completa sobre o trabalho ecológico e preservacionista do senhor Roessler. Havia, isso sim, uma dedicação ferrenha à sua função de, se não me engano, fiscal federal de Caça e Pesca.
Seu escritório, em São Leopoldo, era em todos os espaços tomado por grande quantidade de redes de pesca, espinhéis, bodoques, armadilhas confiscadas durante as peregrinações do senhor Roessler pelos matos, rios e campos do estado. Havia várias lendas e histórias sobre a atividade do senhor Roessler. Uma delas conta que quando um caçador assestava a mira de sua arma contra um veado em Vacaria, ele olhava em volta para ver se o senhor Roessler não estava de tocaia.
Tudo que tem sido feito em homenagem ao senhor Henrique Luis Roessler é perfeitamente justo, mas me atrevo a dizer que seu filho fez bastante mais pela ecologia e pela preservação do Rio do Sinos, estritamente falando, do que o seu pai -fiscal federal de Caça e Pesca. Portanto, há controvérsias.
Mas Novo Hamburgo, em particular pelo muito que o major Leopoldo Petry fez e tentou fazer pelo pedaço do rio que banha nossos limites, deveria ser lembrado um pouquinho mais durante as comemorações do dia 5 de abril.