Jornal NH

Alceu Feijó

Ao receber um cartão dos amigos da RBA, felicitando pelo “Dia do Fotógrafo, ao mesmo tempo que ficava agradecido pela lembrança, uma figura inesquecível do jornalismo gaúcho passou a dominar meus pensamentos e lembranças.

Laranjinha, que é como todos o conheciam e admiravam, foi uma figura marcante na minha atividade jornalística, não só por sua tenacidade, garra e vontade de ser o grande repórter que foi, como por sua própria maneira de ser, que muitas ocasiões foram motivo de grandes brigas, como também grande gratidão.

Laranjinha era um cara que vibrava tanto com o nascimento de uma terneira com duas cabeças, como com a noticia que o Nelson Trot lhe fornecia lá de Igrejinha. Vivia jornalismo vinte e oito horas por dia, tornando-se às vezes difícil acompanha-lo em todas suas andanças. Como repórter que começou farejando noticias graciosamente, foi um dos caras que mais valorizava uma fotografia e estimulava o fotógrafo.

Tive ao meu lado, em muitos trabalhos, o Vinícius Bossle, incentivador emérito sem dúvida, mas o Laranjinha chegava ao extremo de partir de Novo Hamburgo, com uma fotografia na mão e ir inscrevê-la nos concursos da ARI, sem mesmo a gente saber. Graças a esta iniciativa, fomos agraciados com alguns prêmios. Sua conduta era manifestada não só a mim, seu companheiro mais antigo. Veroni, Pedro Santos e até o próprio Lelo foram alvo do incentivo do Laranjinha. Vibrava mais com as fotos do que mesmo com suas reportagens também premiadas várias vezes.

Suas brigas com o secretário do jornal, quando não dava destaque às fotografias, ficaram famosas e sobre as quais poderíamos contar inúmeras histórias, não fosse a exiqüidade de espaço.

O Vinícius que tem memória melhor, o dia em que escrever seu livro, tenho certeza de que reservará muitas páginas para o Laranjinha. Por isso tudo e muito mais é que ao receber o cartão da RBA, pelo “Dia dos Fotógrafos”, solicito aos meus colegas que conviveram com o Laranjinha, que sejam transferidos à sua memória todas as homenagens ou lembranças que foram prestadas.

Realmente o repórter Laranjinha ou o cidadão Erno Matte, deixou um vazio muito grande na nossa atividade jornalística, que em parte é compensada com a presença do seu filho Marcos e D.Cleire, que continuam como colegas na sucursal.

Obrigado RBA, por proporcionarem esta oportunidade de manifestar ao Laranjinha o que os fotógrafos que trabalharam com ele lhe deverão eternamente, porque ele sempre foi um fotógrafo sem câmera.