Jornal NH

06.03.2020

Alceu Feijó

  O fato de viver 93 anos com o objetivo de chegar aos 94, daqui a alguns meses, tem como consequência conviver muito mais com o passado do que com a atualidade. Isso é bom? Isso é ruim? 

Bem estamos aí e aqui para comprovar esta expectativa de vida. Desde os anos 90 estamos nesta disputa que é humana, mas também é mortal. Não vou enumerar aqui todos os sabores e dissabores que tive na vida, andando como garoto atrevido ou como jovem embevecido pela vida, com suas benesses e desacertos.

Vivendo, então, todos estes anos, vamos tentar adicionar alguns testemunhos que nos últimos 60 anos, vem aturando, criticando e aplaudindo os meus escritos, que sempre foram em defesa de alguém ou alguma coisa.

A partir de 1938, quando partimos de São Francisco de Paula para o mundo, enfrentamos muitos fatos críveis e outros saboreamos. Dos quase mil metros de altitude em São Chico, viemos parar nos 27 metros de Novo Hamburgo, um novo município que se desvinculava de São Leopoldo que, com ares presidenciais e querendo se igualar ao Rio Reno, na Alemanha, foi ficando para trás, nos prédios e nas inúmeras fábricas de calçados.

Em 1950, Novo Hamburgo contava com 50 fábricas de calçados e várias lideranças nacionais. Mas uma destas fábricas tornou-se a rainha das sapatarias, a Calçados Jacob, provavelmente inédita em longevidade e a única remanescente daquela época.

Hamburgo Velho liderou o poderio econômico, político e comercial por algum tempo e também foi líder inconteste no futebol, com o Esporte Clube Esperança. Junto com o Esporte Clube Novo Hamburgo, que chegou a trocar de nome para Floriano na época de Getúlio Vargas, ofereceram belos espetáculos esportivos com o clássico Flor-Esp. Anos depois o Dr. Snel e o Dr. Ruy Noronha resgataram o nome original do clube. O Novo Hamburgo ainda sobrevive e o Esperança ficou perdido no tempo e nas lembranças.

Na época, a divisão do município era Hamburgo Velho e Novo Hamburgo, ambos serão reduzidos em sua importância e imponência, com a transformação da fazendola dos Zaffari, que compraram as terras dos Schmidt, no que poderá ser o “terceiro” bairro.