Jornal NH

17 de julho de 2020.

Alceu Feijó

Por incrível por alguns fatores que pareça, não sei onde estou. Em Novo Hamburgo ou em qualquer outro lugar? Por alguns fatores, tenho a impressão que estou em Novo Hamburgo. Salvo o carinho que tenho recebido de um grupo de pessoas sem saber de onde vem tal carinho, muitas vezes completamente ignorada a sua origem, sei que ele existe. Me colocando à sua mercê, percebo o quanto é importante receber a atenção, olhando, colocando toda a minha sensibilidade à mercê de carinhos e privilégios jamais previsíveis. 

Embora a gente sinta de imediato que há bastante verdade nessa demonstração manifestada num momento em que a nação é poluída por forças confusas, levando os nossos pensamentos a limites antes ininteligíveis, essa busca, da maneira como é feita, está sendo também inatingível, pois tudo aquilo que buscamos fica muito distante das nossas presunções. Essa busca miraculosa vai conduzindo para distâncias inacessíveis a nós mesmos. 

O leitor já percebeu, pelo intrincado dos conceitos emitidos por essa pessoa que lutou sempre dentro de regras normais e, de um momento para outro, teve seus pensamentos normalmente palpáveis, transformados de uma maneira incabível, o aparente absurdo dessa crônica, afastado de tudo que é lógico, para uma tentativa absurda de se tornar compreensível. 

O autor da crônica se colocou indecifrável procurando conviver com o cotidiano do imponderável. Diante disso, abrimos espaço, considerando o direito dos leitores à legítima defesa. Aqui distante, sem saber exatamente onde está, pois os seus pensamentos conduzindo-o para limites imaginários, participando já da luta da humanidade no empenho pela sobrevivência, peço perdão ao leitor, amigo que sempre soube valorizar toda a conceituação possível.

Prezados leitores desse espaço, há 60 anos vivenciamos uma quantidade de valores negativos e positivos que cumpriram sua incumbência para o bem e para o mal. Ao chegar ao valor chegamos também a um labirinto que coloca o colunista num clima perigoso: ou ele pára, ensaca suas ideias ou continua arriscando. Imagine o leitor o quanto ele teve de se postar à frente do computador, à frente da máquina de escrever para declinar as diretrizes que devam ser tomadas. Pois ao chegar a esse limite, chegamos também a um momento mágico. Ao alcançar a idade do pressuposto, por razões varias, está alcançando também o limite permitido ao jornalista. 

Então, ao se permitir lutar por ideias mirabolantes, por ideias deslumbrantes, estamos alcançando o limite máximo alcançado também pelos grandes escritores que marcaram a sua presença ao longo de divagações da sua criatividade, jogando sempre com os seus pensamentos, alcançando momentos altamente contagiantes, expondo o relacionamento intelectual do escritor com o leitor.

Assim, prezados leitores, no início desta crônica, colocamos o preconceito literário do absurdo daquele que terminou por ser vencido pela be-a-bá. Um adeus não onipresente, mas brilhante, contundente entre dois postos, entre o que sabe escrever, o que tem talento para entender, o talento do sim e do não, do saber e o do não saber. Aos 93 anos de idade, em constante desafio, como ocorreu com grandes escritores brasileiros, alguém dirá: Fica Feijó, Vai Feijó.